Precious Brazil acompanha de perto os desdobramentos das tarifas norte-americanas e avalia impactos para o planejamento estratégico do Brasil.

O anúncio e a implementação de novas tarifas de importação pelos Estados Unidos, em vigor desde o início de agosto de 2025, acenderam alertas em toda a cadeia global de gemas e joias. As medidas afetam diretamente a competitividade internacional e já são tratadas por associações e governos como uma das maiores ameaças recentes ao setor.

No Brasil, um dos maiores produtores mundiais de gemas de cor, o movimento norte-americano é acompanhado de perto. O projeto setorial Precious Brazil, iniciativa do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), monitora atentamente a situação para avaliar os impactos e embasar o próximo planejamento estratégico de internacionalização do setor.

Segundo a coordenação do projeto, compreender os desdobramentos das tarifas é essencial para proteger a competitividade das empresas brasileiras, uma vez que os Estados Unidos figuram entre os principais destinos das exportações nacionais de gemas e joias.

Efeitos para o Brasil

A tarifa de 50% já aplicada às gemas brasileiras representa um dos cenários mais críticos da história recente do setor. Para Marcelo Ribeiro, presidente da Belmont Emeralds, trata-se de “uma sanção econômica”, que inviabiliza a exportação direta ao mercado norte-americano – reduzindo o valor agregado do produto.

Embora o mercado de esmeraldas não seja impactado diretamente — já que 95% da produção da Belmont, por exemplo, é enviada à Índia —, o efeito para fabricantes e designers brasileiros tende a ser severo, uma vez que os EUA respondem por cerca de 30% das exportações do setor. O governo brasileiro já iniciou negociações com Washington, buscando reverter ou mitigar os efeitos antes que a medida seja consolidada.

Uma questão global

O Brasil não é o único a enfrentar esse desafio. As tarifas norte-americanas* vêm redesenhando o comércio internacional de gemas e joias, afetando países-chave da indústria.

  • Em Sri Lanka, o imposto de 20% ameaça a competitividade das exportações de safiras, setor crucial para o país.

  • Na União Europeia, fabricantes alemães alertam que as tarifas de 15% podem inviabilizar a participação em feiras estratégicas, como a de Tucson.

  • Na ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático), tarifas que variam de 10% a 40% reduzem a competitividade de países como Vietnã, Indonésia, Tailândia e Mianmar, forçando empresas a buscar produtos de maior valor agregado.

  • A Tailândia, tradicional exportadora de joias e prata, vê risco de retração em um mercado que representa mais de US$ 250 milhões anuais em vendas para os EUA após tarifa de 19%.

  • Em Hong Kong, onde a tarifa é de 30%, empresas adotam estratégias como a realocação de linhas de produção para países vizinhos, além de reforço em design e relacionamento com clientes para manter competitividade.

*Fonte: https://www.bbc.com/news/articles/c5ypxnnyg7jo

O anúncio de tarifas feito pela administração norte-americana em abril de 2025 desencadeou fortes preocupações no setor global de gemas e joias. Nos Estados Unidos, a American Gem Trade Association (AGTA) classificou a medida como a ameaça mais séria já enfrentada pelo segmento de gemas de cor, ressaltando que, ao contrário de outros setores da joalheria, o mercado de gemas é um exportador líquido, contribuindo positivamente para a balança comercial norte-americana.

Reação internacional e próximos passos

Entidades, como a AGTA, têm liderado esforços políticos junto ao Congresso norte-americano para reverter as medidas. Cartas de congressistas já foram enviadas ao presidente Donald Trump e a membros do alto escalão de sua administração, e novas rodadas de reuniões estão previstas para setembro.

As estratégias incluem pedidos para que as gemas voltem ao regime de isenção tarifária ou sejam enquadradas em exceções da ordem executiva que estabeleceu as medidas. Enquanto isso, ajustes administrativos junto à alfândega norte-americana buscam aliviar temporariamente os impactos para a cadeia.

O cenário segue incerto, mas os efeitos das tarifas vão muito além dos EUA, redesenhando rotas de comércio e obrigando empresas a reverem estratégias. 

Para o Brasil, a prioridade é acompanhar de perto esse movimento global, manter o diálogo constante com parceiros internacionais, diversificar mercados e reforçar a imagem do país como fornecedor confiável e competitivo de gemas com origem responsável.

Sobre a ApexBrasil

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) atua para promover os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia brasileira. Para alcançar os objetivos, a ApexBrasil realiza ações diversificadas de promoção comercial que visam promover as exportações e valorizar os produtos e serviços brasileiros no exterior, como missões prospectivas e comerciais, rodadas de negócios, apoio à participação de empresas brasileiras em grandes feiras internacionais, visitas de compradores estrangeiros e formadores de opinião para conhecer a estrutura produtiva brasileira entre outras plataformas de negócios que também têm por objetivo fortalecer a marca Brasil. A Agência também atua de forma coordenada com atores públicos e privados para  atração de investimentos estrangeiros diretos (IED) para o Brasil com foco em setores estratégicos para o desenvolvimento da competitividade das empresas  brasileiras e do país.

Sobre o IBGM

O Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos é uma entidade nacional, de direito privado, sem fins lucrativos, fundada em 1977, com a missão de representar, mobilizar, integrar, desenvolver e promover todos os segmentos da Cadeia Produtiva de Gemas, Joias, Bijuterias e Relógios, harmonizando seus interesses e promovendo a transferência de conhecimento, a confiança e a apreciação de seus produtos pelos consumidores.

Sobre o Precious Brazil

O Projeto Setorial visa apoiar e promover as empresas brasileiras dos segmentos de pedras, bijuterias e joias brasileiras que queiram exportar seus produtos, sejam elas iniciantes, exportadoras e internacionalizadas. Conduzido pelo IBGM – Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos em parceria com a ApexBrasil – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – o projeto atende atualmente cerca de 160 empresas do setor.